Em um encontro marcado por emoção, resistência e esperança, representantes de oito etnias indígenas — entre elas Tupi-Guarani, Guajajara, Pataxó e Xavante — reuniram-se no último domingo (23em Guarulhos para retomar discussões interrompidas desde 2017 sobre políticas públicas voltadas à inclusão, habitação, educação e valorização cultural.
O evento, realizado no Centro de Cultura Indígena do bairro Cabuçu, contou com a presença de lideranças tradicionais, jovens estudantes, representantes da prefeitura e organizações da sociedade civil. O principal objetivo foi reabrir o diálogo com o poder público sobre a implementação de cotas específicas para indígenas em universidades e concursos municipais, além de discutir a precariedade das moradias em aldeias urbanas e a necessidade de escolas bilíngues com currículo adaptado às realidades culturais dos povos originários.
“Estamos aqui para lembrar que existimos, resistimos e temos direito à cidade”, afirmou a cacica Jurema Guajajara, uma das organizadoras do encontro. Ela destacou que, apesar de avanços pontuais, muitas promessas feitas em 2017 não saíram do papel.
Outro ponto central foi a valorização da cultura indígena nas políticas culturais do município. Representantes Tupi-Guarani apresentaram propostas para a criação de um calendário oficial de celebrações tradicionais, oficinas de artesanato e espaços permanentes para a prática de rituais e a transmissão de saberes ancestrais.
A prefeitura de Guarulhos, por meio da Secretaria de Direitos Humanos, afirmou que pretende criar um grupo de trabalho permanente com representantes indígenas para acompanhar as demandas e garantir que as propostas avancem de forma concreta.
O reencontro das etnias em Guarulhos simboliza não apenas a retomada de um processo interrompido, mas também a força de uma luta coletiva por reconhecimento, dignidade e pertencimento. Como disse o jovem estudante guarani Kaiowá, de 17 anos: “Nossa cultura não é passado — é presente e futuro.”