O Brasil voltou a figurar entre os 20 países com maior número de crianças não vacinadas no mundo, segundo relatório divulgado pela Unicef e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em julho de 2025. Após uma breve melhora em 2023, o país ocupa agora a 17ª posição no ranking global, com 229 mil crianças que não receberam sequer a primeira dose da vacina DTP1 — que protege contra difteria, tétano e coqueluche.
Retrocesso preocupante
- Em 2023, o Brasil havia saído da lista com 103 mil crianças não vacinadas.
- Em 2024, esse número mais que dobrou, atingindo 229 mil crianças “zero dose”.
- Isso representa 16,8% da população infantil não vacinada na América Latina e Caribe.
Cenário global
- Cerca de 14,3 milhões de crianças no mundo não receberam nenhuma dose da DTP em 2024.
- Outros 5,7 milhões receberam apenas uma dose, ficando com proteção parcial.
- A meta da Agenda de Imunização 2030 previa menos de 10 milhões de crianças “zero dose” — número que foi superado em 4 milhões.
Causas apontadas
- Desinformação sobre vacinas e hesitação vacinal.
- Cortes na ajuda internacional e instabilidade política.
- Dificuldade de acesso aos serviços de saúde, especialmente em áreas vulneráveis.
Desafios e perspectivas para o Brasil
Apesar do aumento no número absoluto de crianças não vacinadas, o país apresentou sinais de recuperação na cobertura vacinal:
- A taxa de cobertura da primeira dose da DTP subiu para 91% em 2024, após ter caído para 68% durante a pandemia.
- O desafio agora é reduzir o abandono vacinal, especialmente em vacinas que exigem múltiplas doses, como a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), cuja evasão ultrapassa 50% em alguns estados.
Declarações oficiais
“Vacinas salvam vidas. Elas permitem que indivíduos, famílias, comunidades e nações prosperem”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Conclusão
O retorno do Brasil à lista dos países com mais crianças não vacinadas acende um sinal de alerta para autoridades de saúde, gestores públicos e sociedade civil. A retomada da confiança na vacinação, o combate à desinformação e o fortalecimento da atenção básica são essenciais para reverter esse quadro e proteger as futuras gerações.