Com a aproximação da data-limite de 1º de agosto, o governo brasileiro intensifica esforços para enfrentar os impactos do chamado “tarifaço” anunciado pelos Estados Unidos. A medida, que prevê uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao mercado americano, representa um dos maiores desafios comerciais enfrentados pelo país nas últimas décadas.
Cenário de tensão diplomática A decisão do presidente Donald Trump, comunicada por carta ao presidente Lula, surpreendeu autoridades e empresários. A justificativa americana mistura argumentos comerciais e políticos, incluindo críticas ao sistema judiciário brasileiro e ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O governo brasileiro, por sua vez, tenta manter o foco em negociações comerciais, evitando interferências em questões internas.
Articulações do governo O vice-presidente Geraldo Alckmin lidera as tentativas de diálogo com Washington, mas até agora não houve avanços concretos. O chanceler Mauro Vieira está em Nova York buscando interlocução com autoridades americanas, enquanto o presidente Lula aguarda um plano de contingência da equipe econômica para mitigar os efeitos da medida.
Impactos econômicos esperados
- Exportações: setores como agronegócio, siderurgia, aviação e calçados devem ser os mais afetados.
- Emprego: projeções indicam a possível perda de até 110 mil postos de trabalho.
- Inflação: paradoxalmente, o tarifaço pode gerar um efeito desinflacionário, ao reduzir a demanda externa e aliviar preços internos.
- PIB: estimativas apontam para uma queda de até R$ 19 bilhões no Produto Interno Bruto.
Reação do setor privado Empresas como Embraer, Suzano e Jalles Machado já avaliam estratégias para redirecionar exportações ou absorver os custos adicionais. Algumas companhias americanas, como a Johanna Foods, entraram com ações judiciais nos EUA para tentar barrar o tarifaço, alegando prejuízos bilionários.
Busca por alternativas O governo brasileiro também mapeia novos mercados para produtos afetados, especialmente no agronegócio. A diplomacia comercial se intensifica em fóruns internacionais como a OMC, onde o Brasil recebeu apoio de mais de 40 países contra as tarifas americanas.
Perspectivas Apesar do clima de incerteza, analistas acreditam que o impacto em 2025 será limitado, com efeitos mais significativos em 2026, dependendo da capacidade do Brasil de reorganizar seu comércio exterior. A expectativa é de que, após os primeiros choques, negociações setoriais possam surgir, especialmente em áreas como café, laranja e carnes.