Em um movimento que reacendeu tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Donald Trump oficializou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, composta por uma taxa adicional de 40% somada aos 10% já em vigor desde abril. Embora o decreto tenha sido acompanhado por uma lista de 694 exceções, o impacto sobre a economia brasileira é significativo e desigual entre os setores.
Setores que Escaparam da Tarifa
Alguns segmentos estratégicos conseguiram se livrar da sobretaxa, graças à pressão de empresas americanas que dependem desses produtos ou à dificuldade de substituí-los no mercado:
- Aviação Civil: Aeronaves da Embraer, peças, motores e simuladores foram poupados, evitando prejuízos bilionários e protegendo empregos qualificados no Brasil.
- Energia e Derivados: Petróleo, gás natural, carvão e energia elétrica ficaram fora da tarifa, preservando um dos pilares da balança comercial brasileira.
- Automotivo: Veículos de passageiros (sedans, SUVs, minivans) e caminhões leves, além de suas peças, foram isentos.
- Agronegócio (parcialmente): Suco e polpa de laranja, castanha-do-brasil, madeira tropical, polpa de madeira e fertilizantes escaparam da taxação.
- Mineração e Metais: Produtos como silício, ferro-gusa, alumina, estanho, ouro, prata e derivados de ferro, aço, alumínio e cobre foram poupados.
- Eletrônicos e Informativos: Smartphones, antenas, CDs, livros e obras de arte também ficaram de fora.
Setores que Foram Alvo da Tarifa
Por outro lado, setores importantes da pauta exportadora brasileira foram diretamente atingidos pela nova alíquota:
- Café: O Brasil exportou quase US$ 2 bilhões em café para os EUA em 2024. A tarifa deve comprimir margens e encarecer o produto para o consumidor americano.
- Carne Bovina: Com receita de US$ 1,6 bilhão em 2024, o setor estima perdas de até US$ 1 bilhão em seis meses.
- Frutas: Manga, uva, açaí e outras frutas processadas foram incluídas na tarifa, comprometendo a competitividade no mercado americano.
- Têxteis e Calçados: Sem isenções amplas, esses setores enfrentam forte concorrência internacional e devem ser duramente afetados.
Impacto Econômico
Segundo estimativas da Fundação Getulio Vargas, o tarifaço pode reduzir o crescimento do PIB brasileiro em até 0,15 ponto percentual, mesmo com as exceções. O efeito é considerado desinflacionário, já que produtos brasileiros mais caros podem perder espaço nos EUA, reduzindo a demanda.
Reações e Perspectivas
Enquanto o governo brasileiro busca uma resposta diplomática, setores afetados pressionam por negociações mais intensas. A divisão entre os que comemoram a isenção e os que contabilizam perdas revela o desafio de manter a competitividade em um cenário de protecionismo crescente.