Em um movimento histórico e carregado de simbolismo político, o governo da Austrália anunciou que reconhecerá oficialmente o Estado da Palestina durante a 80ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, marcada para setembro de 2025. A decisão, liderada pelo primeiro-ministro Anthony Albanese e pela ministra das Relações Exteriores Penny Wong, representa uma mudança significativa na postura australiana e se soma a uma crescente mobilização global em favor da solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino.
Contexto internacional e razões do reconhecimento
- Albanese declarou que “a solução de dois Estados é a melhor esperança da humanidade para quebrar o ciclo de violência no Oriente Médio e pôr fim ao conflito, sofrimento e fome em Gaza”.
- A Austrália recebeu garantias da Autoridade Palestina de que o grupo Hamas não terá papel em um futuro governo palestino, o que foi decisivo para o anúncio.
- A decisão ocorre em meio à intensificação da ofensiva israelense em Gaza, que já causou mais de 60 mil mortes, segundo autoridades locais.
- O governo australiano criticou duramente os planos de Israel de ocupar militarmente a Faixa de Gaza, classificando-os como violações do direito internacional.
Países que já reconheceram o Estado da Palestina
Atualmente, 146 países e territórios reconhecem o Estado palestino, incluindo membros da Liga Árabe, do Movimento dos Países Não Alinhados e várias nações da América Latina, como o Brasil. Nos últimos meses, diversos países europeus e ocidentais se juntaram à causa:
Países que já reconheceram ou anunciaram reconhecimento |
Região |
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Brasil, Argentina, Chile, Bolívia |
América do Sul |
Espanha, Irlanda, Noruega, Suécia, Islândia |
Europa |
França, Reino Unido, Canadá, Portugal, Malta, Luxemburgo |
Europa/Ocidente |
África do Sul, Lesoto, Bahrein |
África/Oriente Médio |
Apesar do avanço, nenhum dos membros do G7 (EUA, Japão, Alemanha, Itália, Reino Unido, França, Canadá) reconhecia oficialmente o Estado palestino até recentemente. A França foi o primeiro a sinalizar mudança, seguida por Reino Unido e Canadá.
Implicações na ONU e resistência
- A Palestina possui o status de “Estado Observador Permanente” na ONU desde 2012, o que lhe permite participar de debates, mas não votar.
- Tentativas de reconhecimento pleno têm sido bloqueadas por vetos dos Estados Unidos no Conselho de Segurança.
- A decisão australiana foi criticada por Israel, cujo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o gesto como “vergonhoso” e uma “traição”.
Conclusão
O reconhecimento da Palestina pela Austrália marca uma inflexão diplomática importante e pode influenciar outros países ocidentais a seguir o mesmo caminho. Em meio à devastação em Gaza e ao impasse político, o gesto australiano representa não apenas uma tomada de posição ética, mas também uma tentativa de reanimar o processo de paz no Oriente Médio.