Em um episódio emblemático, a comunicação da Prefeitura de Guarulhos voltou a dar sinais de vida apenas após dois meses de silêncio, motivada por pressões da grande imprensa. Quando confrontada por canais independentes, como veículos locais, o governo permanece calado. Mas quando questionamentos surgem em redes como TV Globo e Band, a resposta chega — mesmo que improvável ou desconexa com os fatos.
A criação do “IPTU do Além” — e a tentativa de atribuir culpa a terceiros
Na última segunda-feira, a TV Globo apresentou reportagens extensas sobre a nova taxa de conservação dos cemitérios municipais, apelidada irônicamente de “IPTU do Além”, que poderá atingir até R$ 700 por ano por sepultura. Em resposta, a equipe de comunicação da Prefeitura lançou uma nota atribuindo o decreto à administração anterior. Só que esse artifício não resiste a uma verificação básica: o decreto foi assinado por Lucas Sanches em 4 de julho de 2025, com vigência prevista para 2026
Resposta improvisada à Band: promessas vagas
Com a repercussão negativa crescendo, uma nova reação foi apresentada à Band: a Prefeitura afirmou que famílias de baixa renda seriam isentadas da taxa, e que os demais poderiam parcelar o valor em até 12 vezes. Contudo, essa declaração falha em apontar critérios claros: a emissora observou que “os critérios de quem se enquadra nessa categoria ainda não foram divulgados” — algo que “gera expectativa e precisa de acompanhamento”
Contradições e retrocesso nas isenções
A promessa de isenção para famílias de baixa renda contrasta diretamente com o “pacote de maldades” aprovado na Câmara Municipal em 30 de junho, que tornou as regras para gratuidade dos sepultamentos ainda mais rígidas. Agora, além de estar inscrita no CAD Único, a família deverá estar vinculada a programas sociais do município para ter qualquer chance de receber isenção — um contraste gritante com as mensagens de solidariedade veiculadas pela Prefeitura
O Ministério Público entra no jogo
A situação ganhou contornos ainda mais sérios com a atuação do Ministério Público Estadual. O MP instaurou um procedimento para investigar as motivações do denominado “IPTU do Além”, concedendo à Prefeitura 30 dias para apresentar justificativas — prazo que teve início em 2 de setembro. Esse movimento, somado a uma ação popular que questiona os gastos de R$ 2,4 milhões em redes sociais ao longo dos últimos cinco anos, sem explicação clara sobre a fonte desses recursos, evidencia que a administração está sob forte escrutínio
