No último domingo (21), o Brasil testemunhou uma onda de manifestações populares em resposta à aprovação da PEC da Blindagem e à tramitação acelerada do Projeto da Anistia. Os atos ocorreram em todas as 27 capitais e em dezenas de cidades do interior, reunindo artistas, parlamentares, movimentos sociais e milhares de cidadãos indignados com o que consideram um retrocesso democrático.

O que é a PEC da Blindagem?

A Proposta de Emenda à Constituição, apelidada de “PEC da Blindagem”, foi aprovada pela Câmara dos Deputados na semana passada. O texto estabelece que qualquer processo penal contra parlamentares só poderá ser aberto com autorização prévia do Congresso Nacional. Críticos apontam que a medida cria um escudo jurídico para deputados e senadores, dificultando investigações e favorecendo a impunidade.

Projeto da Anistia: perdão aos golpistas?

Simultaneamente, tramita no Congresso o Projeto da Anistia, que prevê o perdão judicial para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Entre os beneficiados estaria o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo STF a 27 anos de prisão. A proposta foi colocada em regime de urgência, acelerando sua análise e provocando forte reação da sociedade civil.

Atos em São Paulo, Rio e outras capitais

• São Paulo: Na Avenida Paulista, em frente ao MASP, cerca de 42 mil pessoas se reuniram, segundo estimativas da USP. O ato contou com discursos de figuras como Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB) e o padre Júlio Lancellotti. Uma bandeira gigante do Brasil foi estendida como símbolo de resistência.

• Rio de Janeiro: Na orla de Copacabana, artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Djavan se apresentaram em um trio elétrico, entoando clássicos da música brasileira e gritos de “sem anistia” e “Bolsonaro na prisão”.

• Salvador: Daniela Mercury e Wagner Moura participaram do ato em frente ao Cristo da Barra, reforçando o repúdio às propostas em pauta.

• Brasília: Manifestantes marcharam do Museu Nacional até o Congresso Nacional, com faixas que chamavam o projeto de “PEC da Bandidagem” e denunciavam a tentativa de blindagem institucional.

• Artistas e movimentos sociais lideram mobilização

A mobilização foi impulsionada por coletivos como Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular e Central de Movimentos Populares. Artistas como Maria Gadú, Fernanda Takai, Marina Lima e Chico César também marcaram presença em diferentes cidades, reforçando o caráter cultural e democrático dos protestos.

Repercussão política e internacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou os atos, afirmando que “a população não quer impunidade, nem anistia” e que o Congresso deveria priorizar pautas sociais. A imprensa internacional, incluindo BBC, The Guardian e Reuters, destacou a força dos protestos e o papel dos artistas na defesa da democracia brasileira