Em um raro gesto de aproximação bilateral, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por cerca de 30 minutos em uma ligação telefônica que, segundo o Palácio do Planalto, foi marcada por cordialidade, lembranças de encontros passados e uma pauta econômica sensível: o pedido brasileiro pela retirada das tarifas impostas ao aço e ao alumínio.
Relembrando a “boa química”
De acordo com fontes do governo brasileiro, Lula e Trump trocaram elogios e relembraram momentos de cooperação durante os mandatos anteriores. A conversa, descrita como “amigável e produtiva”, teria reforçado a percepção de que, apesar das diferenças ideológicas, ambos mantêm uma relação pessoal respeitosa. O Planalto destacou que os líderes “relembraram a boa química” de reuniões anteriores, especialmente em fóruns multilaterais.
O pedido de Lula: fim do tarifaço
O ponto central da conversa foi o pedido de Lula pela retirada das tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiros, impostas pelos Estados Unidos desde 2018 sob justificativa de segurança nacional. O Brasil, um dos principais exportadores desses produtos para o mercado norte-americano, tem sido afetado pelas sobretaxas que encarecem e dificultam o acesso ao setor industrial dos EUA.
Lula argumentou que o Brasil não representa ameaça à segurança dos Estados Unidos e que a manutenção das tarifas prejudica a relação comercial entre os dois países. O presidente brasileiro também destacou o papel do Brasil como parceiro estratégico na América Latina e defensor de uma ordem internacional baseada no multilateralismo.
Trump sinaliza abertura, mas sem compromissos
Segundo interlocutores, Trump teria escutado atentamente os argumentos de Lula e sinalizado disposição para revisar a política tarifária, embora sem assumir compromissos imediatos. O presidente norte-americano teria mencionado a necessidade de consultar sua equipe econômica e avaliar os impactos internos da medida, especialmente no setor siderúrgico americano.
Repercussão internacional
A conversa entre os dois líderes gerou repercussão nos círculos diplomáticos e econômicos. Analistas veem o gesto como um possível recomeço nas relações entre Brasil e Estados Unidos, que vinham enfrentando tensões comerciais e divergências em temas como meio ambiente e política externa. A retomada do diálogo direto entre os presidentes pode abrir caminho para negociações mais amplas sobre comércio, investimentos e cooperação estratégica.
O telefonema entre Lula e Trump mostra que, mesmo em tempos de polarização política global, o pragmatismo e a diplomacia pessoal ainda têm espaço. O pedido brasileiro pela retirada do tarifaço reacende uma pauta econômica importante e pode ser o primeiro passo para uma reaproximação comercial entre as duas maiores economias das Américas. Resta saber se a “boa química” será suficiente para transformar cordialidade em acordos concretos.
