A chegada de tropas da Guarda Nacional à região metropolitana de Chicago marca um novo capítulo na crescente tensão entre o governo federal dos Estados Unidos e autoridades locais democratas. A operação, autorizada pelo presidente Donald Trump, reacendeu debates sobre os limites do poder executivo, o papel das forças militares em solo nacional e os direitos dos estados frente à intervenção federal.
O Envio das Tropas
Na noite de 7 de outubro de 2025, cerca de 200 soldados da Guarda Nacional do Texas foram deslocados para um centro de treinamento militar em Elwood, a aproximadamente 50 km de Chicago. A missão, segundo o governo Trump, visa conter o que o presidente classificou como “ataques coordenados por grupos violentos” contra agentes federais do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega) e do FPS (Serviço de Proteção Federal).
Apesar da justificativa oficial, dados recentes apontam queda nos índices de criminalidade na cidade, incluindo homicídios. A decisão, portanto, é vista por muitos como uma manobra política, especialmente diante da resistência de Chicago às políticas migratórias do governo federal.
A Retórica Presidencial
Em meio à operação, Trump intensificou sua retórica contra o prefeito de Chicago, Brandon Johnson, e o governador de Illinois, JB Pritzker, ambos democratas. Em publicação na rede Truth Social, o presidente afirmou que “deveriam estar presos por não protegerem os agentes do ICE”. A declaração, sem respaldo legal ou evidências concretas, provocou indignação entre líderes locais e especialistas em direito constitucional.
Reações Locais e Judiciais
O prefeito Johnson respondeu com ironia, dizendo “rezar por Trump” e acusando o presidente de tomar decisões que “fariam Vladimir Putin corar”. Já o governador Pritzker classificou a ação como uma “invasão militar de estados” e prometeu resistir judicialmente à presença das tropas.
Ambos os líderes já haviam adotado medidas para limitar a atuação do ICE em Illinois, incluindo a criação de “zonas livres do ICE” e a proibição de operações migratórias em propriedades municipais. A Casa Branca, por sua vez, reagiu acusando Johnson de “proteger criminosos”.
Implicações Constitucionais
A mobilização da Guarda Nacional sem o consentimento do estado levanta questões sobre a Lei Posse Comitatus, que restringe o uso de forças militares em assuntos domésticos. Embora o presidente possa “federalizar” tropas em casos extremos, como insurreições, especialistas argumentam que não há justificativa prática para tal medida em Chicago.
Um Cenário Nacional
Chicago não é a única cidade sob pressão. Desde junho, tropas foram enviadas a Los Angeles e Washington, D.C., enquanto tentativas de mobilização em Portland, Oregon, foram barradas judicialmente. A estratégia de Trump parece mirar redutos democratas, onde protestos contra políticas migratórias têm sido mais intensos.
