A Bolívia vive um momento histórico em sua política nacional. Após duas décadas de domínio da esquerda liderada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), os resultados preliminares das eleições presidenciais apontam para um segundo turno entre dois candidatos de direita: o centrista Rodrigo Paz Pereira e o conservador Jorge "Tuto" Quiroga.
Quem são os candidatos?
Rodrigo Paz Pereira – O centrista surpreendente
• Idade: 57 anos
• Partido: Partido Democrata Cristão (PDC)
• Trajetória: Economista, senador por Tarija, ex-deputado e ex-prefeito. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora.
• Propostas:
• Reforma tributária para incentivar a indústria nacional
• Inclusão das classes médias e baixas na economia
• Crédito acessível e livre importação
• Salário universal para mulheres
• Combate à corrupção com apoio de seu vice, o ex-capitão da polícia Edman Lara
Paz, que começou a campanha com apenas 3% nas pesquisas, capitalizou o desgaste da esquerda e a rejeição ao MAS, tornando-se a maior surpresa do pleito.
Jorge "Tuto" Quiroga – O conservador experiente
• Idade: 65 anos
• Partido: Alianza Libre
• Trajetória: Ex-presidente da Bolívia (2001–2002), engenheiro formado nos EUA, ex-vice de Hugo Banzer.
• Propostas:
• Privatização de empresas públicas deficitárias
• Acordos de livre comércio com China, Japão, Europa
• Redução do déficit fiscal e do tamanho do Estado
• Nova Constituição com reformas radicais
Quiroga, conhecido por seu perfil liberal e conservador, busca retomar o protagonismo político após anos como crítico dos governos de Evo Morales e Luis Arce.
O colapso da esquerda
O MAS, partido que governou a Bolívia por 20 anos, sofreu uma derrota histórica. Dividido por rachas internos e enfrentando a pior crise econômica em décadas — marcada por escassez de dólares, combustíveis e inflação de quase 25% — o partido viu seus principais candidatos, Andrónico Rodríguez e Eduardo del Castillo, ficarem com menos de 12% dos votos somados.
Evo Morales, impedido de concorrer, rompeu com aliados e incentivou o voto nulo, que atingiu um recorde de 19%.
📅 Próximos passos
O segundo turno está marcado para 19 de outubro, e o novo presidente assumirá em 8 de novembro. A Bolívia terá de escolher entre dois projetos distintos de direita, com o desafio de reconstruir a economia e restaurar a confiança institucional.