O influenciador digital Hytalo Santos, preso em agosto de 2025, está no centro de uma investigação que escancarou uma suposta rede de exploração de adolescentes. Segundo o Ministério Público do Trabalho da Paraíba e a Polícia Civil, pais de menores recebiam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil mensais como uma espécie de “mesada” para permitir que seus filhos morassem com o influenciador e participassem de seus vídeos nas redes sociais.
Mesada como moeda de silêncio
A prática, segundo os investigadores, funcionava como uma forma de aliciamento e controle. Os adolescentes, chamados de “protegidos” por Hytalo, eram levados de cidades do interior — especialmente Cajazeiras, terra natal do influenciador — para João Pessoa, onde viviam sob regras rígidas. Ex-funcionários relataram que os jovens só podiam comer, dormir ou usar o celular com autorização de Hytalo.
Apesar da gravidade das denúncias, conselheiros tutelares afirmam que nunca receberam queixas formais dos pais. O silêncio das famílias, segundo os procuradores, pode ter sido comprado com os pagamentos mensais, que viabilizavam a permanência dos adolescentes na casa do influenciador sem levantar suspeitas.
Fama, controle e monetização
Hytalo Santos ganhou notoriedade nas redes sociais com vídeos de dança protagonizados por adolescentes. Com o crescimento da audiência, passou a ostentar carros de luxo e mansões. Os conteúdos geravam lucro por meio de publicidade, rifas e sorteios online. Segundo relatos, os jovens eram filmados em rotinas escolares que não se concretizavam fora das câmeras.
As plataformas TikTok, YouTube e Instagram suspenderam a monetização dos perfis de Hytalo após denúncias, mas não explicaram por que as contas permaneceram ativas até a repercussão nacional do caso.
Prisão e desdobramentos
Hytalo e seu marido, Israel Nata Vicente, foram presos em São Paulo no dia 15 de agosto. A Justiça da Paraíba negou o pedido de habeas corpus, e ambos seguem em prisão preventiva. A defesa nega as acusações de exploração sexual e tráfico de pessoas, classificando a prisão como “exagerada”.
Após a prisão, os adolescentes foram devolvidos às famílias. O caso segue em investigação, com o Ministério Público sustentando que há provas suficientes de exploração de menores e trabalho forçado.