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Influenciador francês morre em live na Kick: investigação em curso

Publicada em: 20/08/2025 10:47 -

Na madrugada de 18 de agosto de 2025, o mundo virtual testemunhou um episódio perturbador: a morte do influenciador francês Raphaël Graven, de 46 anos, foi transmitida ao vivo na plataforma Kick, reacendendo debates sobre os limites da exposição digital e a responsabilidade das redes sociais.

Conhecido pelos pseudônimos “Jean Pormanove” e “JP”, Graven acumulava mais de 500 mil seguidores na Kick, uma plataforma de streaming que rivaliza com a Twitch, mas se destaca por suas regras de moderação mais flexíveis e taxas reduzidas para criadores de conteúdo. Sua fama vinha de vídeos em que se submetia a situações humilhantes e violentas, muitas vezes encenadas com seus parceiros de conteúdo, “Narutovie” e “Safine”.

 A transmissão fatal

Durante sua última live, Graven apareceu inconsciente em uma cama, coberto por um edredom. Em seguida, os dois parceiros surgem no vídeo, e um deles lança uma garrafa plástica em sua direção. O momento exato da morte — ou da descoberta de que ele já estava morto — foi assistido por milhares de espectadores. A transmissão, que durou mais de 298 horas consecutivas, arrecadou mais de 36 mil euros em doações.

 Investigação e repercussão

O Ministério Público de Nice, no sul da França, abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte. A investigação considera possíveis crimes como “violência coletiva intencional contra pessoas vulneráveis” e “divulgação de imagens ofensivas à integridade pessoal”. A ministra-delegada para Inteligência Artificial e Tecnologia Digital da França, Clara Chappaz, classificou o episódio como “um horror absoluto” e exigiu explicações da Kick.

Kick sob escrutínio

Criada em 2022 pelos empresários australianos Edward Craven e Bijan Tehrani, também donos do cassino online Stake, a Kick cresceu rapidamente ao oferecer condições mais vantajosas para streamers. No entanto, sua política de moderação permissiva já permitiu transmissões com conteúdo adulto, debates extremistas e violações de direitos autorais. A morte de Graven expôs novamente os riscos dessa abordagem.

 Entre o entretenimento e o abuso

A trajetória de Graven e seus parceiros já havia sido alvo de denúncias. Em dezembro de 2024, uma reportagem investigativa do site Médiapart revelou práticas abusivas em vídeos do canal “Le Lokal”, onde pessoas vulneráveis eram expostas a situações degradantes para gerar engajamento.

 Reflexão necessária

O caso de Raphaël Graven não é apenas uma tragédia pessoal, mas um alerta global sobre os perigos da monetização da violência e da exploração emocional nas redes. A morte transmitida ao vivo escancara a urgência de repensar os limites da liberdade digital, a ética do conteúdo e a responsabilidade das plataformas que lucram com a atenção — mesmo quando ela é mórbida.

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