Um episódio inusitado e preocupante marcou o último domingo (19) na cidade de Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais. Durante a transmissão ao vivo do programa “Domingão do Jesão”, na Rádio Canastra FM, o locutor Jésus de Carvalho Chaves, de 83 anos, afirma ter sido agredido pelo padre Edson Augusto Teixeira, de 55, após críticas feitas à restauração de uma pintura sacra na Paróquia Sant’Ana.
A polêmica da Santa Ceia
O estopim da confusão foi a restauração da pintura da Santa Ceia, localizada na igreja da paróquia. Jésus, conhecido por seu estilo direto e irreverente, criticou duramente o resultado da intervenção artística, dizendo que o padre “lambuzou uma obra de arte”. Segundo o radialista, a restauração descaracterizou a peça original, que tinha valor histórico e simbólico para a comunidade.
Invasão e agressão ao vivo
Durante o programa, o padre Edson teria invadido o estúdio da rádio sem autorização e confrontado Jésus ao vivo. O áudio da transmissão, que circula nas redes sociais, registra o momento em que o sacerdote chama o locutor de “velho mentiroso”, seguido por sons de tumulto que indicam agressão física e verbal.
Jésus relatou que tentou oferecer direito de resposta ao padre, mas que a situação rapidamente saiu do controle. “Ele entrou transtornado, me empurrou e começou a gritar. Nunca imaginei que um homem de fé reagiria assim”, disse o comunicador.
Repercussão e investigação
A Diocese de Luz, responsável pela Paróquia Sant’Ana, informou que está acompanhando a apuração do caso e que não tolera qualquer tipo de violência, especialmente em ambientes de comunicação e fé. A Polícia Militar foi acionada e registrou a ocorrência.
A comunidade de Bambuí está dividida: enquanto alguns apoiam o locutor pela coragem de denunciar o que consideram um “desrespeito à arte sacra”, outros defendem o padre, alegando que as críticas foram ofensivas e desnecessárias.
Arte, fé e limites
O episódio reacende o debate sobre os limites da crítica pública, especialmente quando envolve figuras religiosas e bens culturais. A restauração de obras sacras exige não apenas técnica, mas sensibilidade histórica — e, como mostra o caso de Bambuí, pode se tornar um campo de conflito quando há falta de diálogo.
