A ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi condenada à morte por crimes contra a humanidade, após ser considerada responsável pela repressão violenta contra protestos estudantis em 2024.

Condenação histórica em Bangladesh

O Tribunal Internacional de Crimes de Daca anunciou em 17 de novembro de 2025 a sentença de morte contra Sheikh Hasina, de 78 anos, que governou Bangladesh por mais de 15 anos consecutivos. O julgamento concluiu que Hasina ordenou diretamente o uso de drones, helicópteros militares e armas letais contra manifestantes durante a chamada “Revolução de Julho”, um levante estudantil que paralisou o país em 2024 e resultou em mais de 1.400 mortes, em sua maioria civis.

O veredito foi lido pelo juiz Golam Mortuza Mozumder, que afirmou que todos os elementos constitutivos de crimes contra a humanidade estavam presentes. Além de Hasina, outros ex-integrantes do governo também foram condenados, incluindo o ex-ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, que recebeu igualmente a pena de morte.

Contexto político e queda do governo

Hasina havia conquistado seu quarto mandato consecutivo em janeiro de 2024, em uma eleição marcada pelo boicote da oposição. Poucos meses depois, enfrentou uma onda de protestos estudantis que rapidamente se transformou em um movimento nacional contra seu governo. A repressão violenta acelerou sua queda: em agosto de 2024, ela renunciou e fugiu de helicóptero para a Índia.

A crise política abriu espaço para novas eleições parlamentares, previstas para fevereiro de 2026, em meio a um cenário de instabilidade e forte polarização social.

Defesa e acusações de motivação política

Sheikh Hasina foi julgada à revelia, já que permanece fora do país. Em declarações recentes, ela classificou a sentença como “enviesada” e alegou que o processo teve motivação política, negando que suas ações configurassem crimes contra a humanidade. Segundo a ex-premiê, não houve intenção deliberada de atacar civis, e ela afirma não ter tido acesso a uma ampla defesa.

Impacto internacional

A condenação de uma ex-chefe de governo à pena de morte por crimes contra a humanidade é um evento raro e de grande repercussão internacional. Organismos ligados à ONU já haviam denunciado a repressão em 2024 como uma das mais violentas da história recente da Ásia. A decisão do tribunal de Daca coloca Bangladesh sob intenso escrutínio global, com possíveis consequências diplomáticas e econômicas.

Considerações finais

O caso de Sheikh Hasina simboliza o choque entre autoritarismo e resistência popular em Bangladesh. A sentença de morte, embora vista por muitos como um marco de justiça, também levanta debates sobre uso político do Judiciário e sobre o futuro da democracia no país. Independentemente da execução da pena, o episódio já entrou para a história como um dos mais dramáticos da política sul-asiática contemporânea.