A Amazônia Legal, composta por nove estados brasileiros (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), enfrenta uma escalada preocupante da criminalidade organizada. Segundo o estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 344 municípios da região apresentam evidências da atuação de facções criminosas, o que corresponde a 44,6% do total.
Avanço acelerado
-
Em 2024, eram 260 cidades com presença de facções.
-
Em 2025, o número saltou para 344 municípios, representando um crescimento de 32,3% em apenas um ano.
-
O Comando Vermelho (CV) domina a cena, com presença em 83% dos municípios afetados.
-
Além do CV, atuam o PCC, grupos locais e até organizações internacionais, totalizando 17 facções diferentes identificadas.
Disputa por rotas estratégicas
O estudo aponta que o avanço está diretamente ligado ao controle das rotas de tráfico de drogas, especialmente no Alto Solimões, região estratégica para o escoamento de entorpecentes.
-
258 cidades (33,4%) registram atuação de apenas uma facção.
-
86 municípios (11,1%) concentram disputas entre duas ou mais organizações, aumentando os índices de violência.
Impactos sociais e de segurança
A expansão das facções traz consequências graves:
-
Aumento da violência letal, com taxas superiores à média nacional.
-
Pressão sobre comunidades indígenas e ribeirinhas, que ficam expostas a ameaças e coações.
-
Fragilidade das instituições locais, muitas vezes incapazes de enfrentar o poder econômico e bélico das organizações criminosas.
O desafio para o Estado brasileiro
O avanço das facções na Amazônia Legal evidencia a necessidade de:
-
Reforço da presença estatal em áreas de fronteira e cidades médias.
-
Integração das forças policiais estaduais e federais para combater o crime organizado.
-
Políticas sociais e econômicas que reduzam a vulnerabilidade das populações locais, evitando que jovens sejam cooptados pelas facções.
A presença de facções em quase metade das cidades da Amazônia Legal mostra que o crime organizado já é um ator central na dinâmica social e econômica da região. O desafio não é apenas policial, mas também político e social: sem ações coordenadas e estruturais, a Amazônia corre o risco de se tornar um território cada vez mais dominado por facções.
