
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rejeitou publicamente a proposta dos Estados Unidos para um novo acordo nuclear, afirmando que abandonar o enriquecimento de urânio seria "100% contra os interesses" do país. Em um discurso televisionado, Khamenei criticou a posição americana e reforçou que Teerã não abrirá mão de sua capacidade nuclear, considerada essencial para a independência energética da República Islâmica.
A proposta dos EUA foi apresentada ao Irã no último sábado (31) por Omã, que atuou como mediador nas negociações entre o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, e o enviado do presidente Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff. No entanto, após cinco rodadas de negociações, as conversas não avançaram devido à insistência do Irã em manter o enriquecimento de urânio em seu território e à recusa em enviar para o exterior seu estoque existente de urânio altamente enriquecido.
Khamenei destacou que a proposta americana contradiz a crença iraniana na autossuficiência e no princípio do "Nós Podemos", um dos pilares da Revolução Islâmica de 1979. "Os líderes rudes e arrogantes dos Estados Unidos exigem repetidamente que não tenhamos um programa nuclear. Quem são vocês para decidir se o Irã deve ter enriquecimento de urânio?", declarou o aiatolá.
O governo dos Estados Unidos, por sua vez, busca limitar o potencial de Teerã para produzir uma arma nuclear, alegando que isso poderia desencadear uma corrida armamentista regional e ameaçar Israel. Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, Trump retomou sua campanha de "pressão máxima" contra Teerã, endurecendo sanções e ameaçando bombardear o país caso as negociações não resultem em um acordo.
A rejeição da proposta por parte do Irã torna ainda mais incerta a possibilidade de um entendimento entre as duas nações, que há décadas enfrentam tensões sobre o programa nuclear iraniano. Enquanto Teerã insiste que sua tecnologia nuclear tem fins pacíficos, Washington e seus aliados continuam a pressionar por restrições mais severas.